Fichamento
O desenvolvimento da oralidade das crianças na Educação Infantil
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Via: Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP, 2 (1): 112-133, 2015.
[...]A oralidade é entendida como uma atividade verbal presente nas mais diferentes situações sociais em que o indivíduo possa se inserir ao longo de sua vida, é a transmissão oral dos conhecimentos armazenados na memória humana.
A linguagem oral é um instrumento fundamental para que as crianças possam ampliar suas possibilidades de inserção e participação nas diversas práticas sociais. De acordo com o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil, “em algumas práticas, se considera o aprendizado da linguagem oral, como um processo natural, que ocorre em função da maturação biológica prescinde-se nesse caso de ações educativas planejadas com a intenção de favorecer essa aprendizagem.” (BRASIL, 1998, p.119)
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Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998), aprender a falar não consiste apenas em memorização de palavras más também em ações, reflexões sobre seus atos, sentimentos e desejos. Aproximadamente a partir de um ano de idade as crianças selecionam os sons dirigidos a elas, mesmo antes de começarem a falar as crianças podem se fazer compreender ecompreendem o outro, pois as competências linguísticas abrangem tanto as capacidades de compreensão como as capacidades de se fazer entender.
Segundo Roncato e Lacerda (2005), a capacidade de desenvolvimento de linguagem nas crianças é marcada pelas possibilidades de trocas verbais e discursivas e o adulto ou o professor tem uma função importante nesse processo no âmbito escolar, podendo promover uma série de atividades para essa evolução.
A necessidade que as crianças têm de utilizar a fala acontece através de experiências
vivenciadas que fazem o uso da linguagem oral no cotidiano, não apenas em casa, mais também nas instituições de educação infantil que é o lugar em que a criança passa a maior parte do dia, tendo contato com outras crianças e adultos.
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De acordo com o Referencial Curricular Para a Educação Infantil,
[...] quanto mais às crianças puderem falar em situações diferentes, como contar o que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderão desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira significativa (BRASIL, 1998, p.121).
A necessidade de abordar o tema surgiu a partir de observar a importância de se trabalhar com a oralidade promovendo um amplo desenvolvimento oral nas crianças, que é fundamental para que elas possam comunicar-se nas mais diferentes situações sociais envolvendo a fala no seu dia a dia. [...]
……………………………………………………………………………………………………...1. Concepção e desenvolvimento da Linguagem das crianças
As crianças desde que nascem dispõem de uma inteligência própria que orienta suas ações no mundo, inteligência esta que vai se modificando a partir das interações estabelecidas com o outro este que dá significados às suas expressões, gestos, sons, fazendo com que tenham uma participação ativa no mundo. A partir dessa interação e do diálogo com outras pessoas, a criança desenvolve uma inteligência denominada verbal, essa inteligência é guiada pela linguagem agindo sobre as ideias. A criança começa a comparar, classificar, inferir, deduzir etc., criando modalidades de memória e imaginação indicando situações de desejo e objetos do mundo externo, as crianças utilizam palavras que especifica características próprias, servindo de instrumento para o diálogo e para o pensamento discursivo.
Segundo Oliveira, Mello e Vitória (2011), a interação da criança desde o nascimento, quando ela se comunica, dialoga com a mãe transforma-se interiormente possibilitando uma nova forma de pensar.As crianças são frequentemente colocadas em um mundo de diálogos, e a maneira como se dirigem a outras pessoas é seguindo uma estrutura de diálogos já vivenciados.
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Após várias experiências em diversas situações, de interação com outras pessoas as crianças vão tornando-se capazes de distanciar-se da realidade e criar símbolos para substituir outras realidades, por exemplo, utilizar uma boneca como se fosse um bebê. “Tais aquisições possibilitam a criança novas formas de trabalhar com símbolos, até que pode usar signos para representar o objeto ou a situação.” (OLIVEIRA, MELLO e VITÓRIA, 2011, p.49).
O processo de construção de símbolo está intrinsicamente associado à aquisição da linguagem e o jogo de representações de situações.
2. O desenvolvimento da oralidade na perspectiva Vigotskiana vs. Piagetiana
A linguagem oral é o sistema pelo qual o homem comunica seus sentimentos e ideias, acontece através da fala, não é um processo inato, é uma habilidade que se constrói no âmbito social, ou seja, a criança nasce com a capacidade para desenvolvê-la, e a figura materna torna- se uma das principais fontes de colaboração nesse processo.
Toda comunicação se faz na interação, é impossível pensar em palavras, linguagem, sem ser na interação com o outro. As palavras possuem seus significados, não sendo o mesmo para todas as pessoas, o sentido se dá a partir da interação do sujeito como seu interlocutor nos diferentes discursos. (BAKHTIN, apud AUGUSTO, 2011).
[...] Na perspectiva Vigotskiana,a relação do ser humano com o mundo é estabelecida por meio da linguagem. Vigotski (1984) afirma que o contato da criança com a linguagem é através da relação com o outro.
[...] A aquisição da língua não é um processo apenas natural, para aprender a falar é preciso compreender a linguagem, a mediação do adulto é fundamental nesse processo, é como se fosse um ponto de referência para a compreensão da linguagem. “Nesse sentido pode-se dizer que o adulto é a [...] instancia da língua constituída” (VIGOTSKI, 1984, p. 53).
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Na concepção sócio-interacionista“a interação que o indivíduo estabelece com o meio, em especial com outros indivíduos em situações sócio determinadas é essencial para a formação do pensamento e da personalidade.” (OLIVEIRA, MELLO E VITÓRIA, 2011,p.45),
É um processo que depende de um tipo de fala, a fala interna, originada de um pensamento, o pensamento discursivo, podendo ser notado em várias situações, por exemplo: no planejamento de uma ação, quando analisamos um conceito etc.
O diálogo interior é produzido através das oportunidades que o indivíduo tem de dialogar com outras pessoas “que tentam coordenar suas ideias, argumentos e significações” (OLIVEIRA, MELLO E VITÓRIA, 2011, p. 45). Dessa forma, se o indivíduo não tiver oportunidade de dialogar ele não estará preparado para pensar. Vigotski(apud OLIVEIRA, 2003) trabalha com duas funções básicas da linguagem a primeira conhecida como Intercâmbio Social: é através dos sistemas de linguagem criados e utilizados pelo homem para comunicarem-se entre seus semelhantes. [...]
De acordo com Oliveira (2003), para que ocorra comunicação entre os indivíduos é necessário à utilização de signos para traduzir pensamentos, ideias e vontades de forma precisa.
A palavra cachorro, por exemplo, tem um significado preciso, compartilhado pelos usuários da língua portuguesa. Independente dos cachorros concretos que um indivíduo conheça, ou do medo de cachorro que alguém possa ter, a palavra cachorro denomina um certo conjunto de elementos do mundo real. (OLIVEIRA, 2003, p. 43)
É a partir desse fenômeno que ocorre a segunda função de linguagem: pensamento generalizante essa função torna a linguagem um instrumento de pensamento é através da linguagem que ocorre a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Rego (2003), afirma que a relação entre o pensamento e a fala passa por várias mudanças ao longo da vida do indivíduo, mesmo sendo distintos o pensamento e a fala encontram-se originando um “pensamento psicológico mais sofisticado”.
A aquisição da linguagem é um fator marcante no desenvolvimento do homem, a linguagem, capacidade tipicamente humana faz com que as crianças utilizem-se de instrumentos que as auxiliam na resolução de situações difíceis planejando soluções para seus problemas, as palavras e signos são para elas um meio de contato social com outras pessoas (VIGOTSKI, 1984).
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[...] Vigotski(1984),chama essa fase de estágio pré-intelectual do desenvolvimento da fala.
As crianças antes de começarem a falar demonstram uma inteligência prática que é a capacidade de resolução de problemas práticos em seu ambiente, com o auxílio de algum instrumento (por exemplo, ela é capaz de subir em um banquinho para alcançar um brinquedo que está no alto) essa ação realizada pela criança não é mediada pela linguagem, Vigotski (1984) denomina esse estágio como pré-linguístico do pensamento.
Diante disso, as possibilidades de diálogo que a criança encontra em seu meio e do significado que o adulto atribui aos seus gestos e expressões elas aprendem a utilizar a linguagem como meio de comunicação e instrumento de pensamento. Nesse momento, o pensamento e a linguagem interligam-se, o pensamento passa a ser verbal e a fala racional. Vigotski (1984) afirma que há dois níveis de desenvolvimento, sendo eles zona de desenvolvimento real e zona de desenvolvimento potencial. Zona de desenvolvimento real é determinada pelas ações das crianças sem a ajuda do outro, já a zona de desenvolvimento potencial constitui-se por ações que a criança realiza com a ajuda do outro, e que depois poderá realizar sozinha.
Partindo desse pressuposto, observamos que a aquisição da linguagem oral é um processo de apropriação que se dá através da aproximação com a fala do outro, seja a da mãe, do pai, do professor, dos amigos ou aquelas ouvidas na televisão e no rádio, é a partir dessa interação que as crianças começam a falar ampliando assim seu vocabulário.
Segundo Brasil (1998), essa ampliação da capacidade de comunicação oral acontece gradativamente, por um processo de idas e vindas e as crianças tem ritmos próprios na conquista da capacidade linguística e acontece em tempos diferentes de uma criança para a outra.
Vigotski (1984, p.103) pondera que “ao longo da evolução do pensamento e da fala tem início uma conexão entre ambos, que depois se modifica e se desenvolve”, partindo dessa perspectiva podemos observar que na complexidade do desenvolvimento da linguagem oral cabe ao professor proporcionar ao aluno um ambiente propício a fim de estimula-lo para que ele possa se expressar em suas diversas modalidades.
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Mesmo as crianças não nomeando os objetos utilizados em suas ações, podemos perceber e identificar a partir do significado que ela atribui à situação. Pode-se observar que a criança planeja ações afastando-se do presente, mas sua fala não diferencia atos de objetos. Também podemos observar a “diferenciação linguística indicativa da ocorrência de um processo mais elaborado de pensamento, quando uma criança planeja uma ação, explica-a ao outro, procura um objeto ou confirma hipóteses sobre seu uso” (OLIVEIRA et. al. 2011, p.51).
Mesmo as crianças não nomeando os objetos utilizados em suas ações, podemos perceber e identificar a partir do significado que ela atribui à situação. Pode-se observar que a criança planeja ações afastando-se do presente, mas sua fala não diferencia atos de objetos. Também podemos observar a “diferenciação linguística indicativa da ocorrência de um processo mais elaborado de pensamento, quando uma criança planeja uma ação, explica-a ao outro, procura um objeto ou confirma hipóteses sobre seu uso” (OLIVEIRA et. al. 2011, p.51).
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Pela perspectiva Piagetiana, a oralidade é imprescindível na vida do ser humano, é uma habilidade construída socialmente é ensaiada pelas crianças desde os primeiros momentos de suas vidas. [...]
Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 125),“a construção da linguagem oral implica, portanto, na verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre pessoas que buscam comunicar-se.”.
As crianças desde muito cedo utilizam principalmente a oralidade para comunicar-se mesmo antes de falarem fluentemente, para diversos meios: perguntar, pedir, solicitar objetos, etc., mesmo não sabendo falar entendem os adultos conversando com elas.
Podemos considerar que a fala se dá a partir da interação estabelecida pelas crianças desde que nascem, as situações cotidianas em que os adultos falam com ou perto delas fazem com que as mesmas conheçam e apropriem-se do mundo discursivo e dos contextos em que a linguagem oral é produzida.
Nesse sentido o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 49), indica que “a capacidade de uso da língua oral que as crianças possuem ao ingressar na escola foi adquirida no espaço privado: contextos comunicativos, informais, coloquiais, familiares”. [´…]
É importante que os adultos ao falarem com as crianças tenham cuidado com a própria fala pois são para elas modelo de falantes, falar de forma clara sem imitar o jeito que elas falam, sem infantilizações. As diversas possibilidades e situações comunicativas e expressivas irá desenvolver as capacidades linguísticas das crianças.
Segundo o RCNEI, uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser continente da fala das crianças em contextos comunicativos para que ela se torne competente como falante. Isso significa que o professor deve ampliar as condições da criança de manter-se no próprio texto falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixando-se envolver por ela, ressignificando-a e resgatando-a sempre que necessário (BRASIL, 1998, p. 135).
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[...]. A participação das crianças nestas atividades envolvendo a oralidade possibilitará o desenvolvimento de competências como, ler e escrever. A escola deve expor os alunos a uma diversidade de usos da fala, estimulando-os a falar pois é através do exercício da fala que eles irão aperfeiçoando-se e descobrindo a função social que ela possui.
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[...] Um dos principais objetivos de se trabalhar a oralidade é desenvolver nas crianças as capacidades linguísticas, falando e escutando.
[...] Um dos principais objetivos de se trabalhar a oralidade é desenvolver nas crianças as capacidades linguísticas, falando e escutando.
Para Augusto (2011, p. 52):
Embora a linguagem oral esteja presente no cotidiano das instituições de educação infantil, nem sempre é tratada como algo a ser intencionalmente trabalhado com as crianças. É muito comum que se pense que o desenvolvimento da fala é natural, portanto não exige do professor uma atenção especial.
É importante entender a diversidade de possibilidades a serem trabalhadas com as crianças, no desenvolvimento oral delas, compreendendo como elas aprendem a se comunicar.
Chaer e Guimarães (2012, p. 72), ponderam que a linguagem oral é um dos aspectos fundamentais de nossa vida, pois é por meio dela que nos socializamos, construímos conhecimentos, organizamos nossos pensamentos e experiências, ingressamos no mundo. Assim, ela amplia nossas possibilidades de inserção e de participação nas diversas práticas sociais.
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O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil afirma que
O desenvolvimento da capacidade de expressão oral do aluno depende consideravelmente de a escola construir-se num ambiente que respeite e acolha a vez e a voz, a diferença e a diversidades. Mas, sobretudo, depende de a escola ensinar-lhe os usos da língua adequados a diferentes situações comunicativas. (BRASIL, 1998, p.49)
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Dessa forma, por meio da expressão oral as crianças ampliam seus universos de comunicação, expressando opiniões e ideias, sentimentos e emoções, argumentam, comunicando-se com maior facilidade. Partindo do exposto a oralidade é uma habilidade imprescindível para o convívio social em diversas práticas, o professor deve considerar a oralidade como fator essencial fazendo com que os alunos tornem-se sujeitos falantes, participantes da sociedade.
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[...] o papel dos sons e da oralidade em suas vidas e no mundo contribui para o desenvolvimento da linguagem oral, onde poderão interagir com outras pessoas e também a composição de um vasto repertorio sonoro. O desenvolvimento oral das crianças ao contrário de que muitos pensam não ocorre naturalmente, mas sim na relação que ela estabelece com o adulto e também com outras crianças (CRAIDY e KAERCHER, 2001).
[...] o papel dos sons e da oralidade em suas vidas e no mundo contribui para o desenvolvimento da linguagem oral, onde poderão interagir com outras pessoas e também a composição de um vasto repertorio sonoro. O desenvolvimento oral das crianças ao contrário de que muitos pensam não ocorre naturalmente, mas sim na relação que ela estabelece com o adulto e também com outras crianças (CRAIDY e KAERCHER, 2001).
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A situação remete-nos a observar o significado da oralidade na vida das crianças e elas acabam descobrindo que nem sempre a linguagem, a conversa é a solução para os problemas e sim um recurso valioso, podendo pensar em uma possibilidade para a resolução.
Crianças com até dois anos e meio de idade utilizam-se muito de gestos e também do próprio corpo para apontarem ou fazerem entender o que desejam, essas gesticulações substituem a utilização da voz privando o desenvolvimento da linguagem. Talvez não seja uma dificuldade de falar mais sim uma acomodação, um jogo de manipulação, ou ela não está sendo estimulada oralmente, para que possa perceber o sentido da utilização da linguagem.
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Assim,
o professor deverá criar situações, promover atividades como conversas, discussões, poesia, dramatizações, fantoches, leitura de histórias, entrevistas, musicas, reconto de histórias, trava- língua, debates, exposições orais, de forma a possibilitar que a criança se torne mais comunicativa e tenha uma interação maior com o grupo. (CHAER e GUIMARÃES, 2012, p. 76)
[...] O trabalho com a linguagem deve acontecer através de atividades significativas.
3. Possibilidades de trabalho com a oralidade na Educação Infantil
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[...] podemos observar que o trabalho com a oralidade destaca-se que
[...] falar e pensar, portanto, não se aprende sozinho, mas na interação com outros. Assim, falar sobre as coisas com os outros ajuda a criança a pensar sobre elas e a desenvolver sua linguagem e seu pensamento. Nesse processo, nós educadores, devemos buscar ouvi-las e dar-lhes oportunidades para que, brincando, explorando e interagindo, construam sua própria linguagem, cada uma a seu tempo” (COSTA; GUIMARÃES; ROSSETI-FERREIRA, 2003, p.83).
É importante que o professor valorize essa prática, dedicando-se ao desenvolvimento desse processo a partir de atividades que possam ser organizadas e trabalhadas diariamente.[...]
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[...] Craidy e Kaercher (2001), afirmam que a criança deve entender a função social da leitura e da escrita, o porquê aprender, qual a função da leitura e da escrita na vida das pessoas, a criança tem que ter clareza “qual o sentido e o valor de saber ler e escrever na sociedade em que vivemos, é preciso, em relação às crianças, discutir o valor dessa linguagem tanto na vida delas- presente, imediata e cotidiana-, quanto os motivos pelos quais ela existe neste planeta.” (p. 142).
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Além da companhia do adulto para desenvolver a oralidade, Augusto (2011), pondera que é preciso no ambiente pedagógico organizar espaços e tempos para que favoreça o desenvolvimento da linguagem oral, para que as crianças vivenciem situações de comunicação real, como dar um recado para algum funcionário da instituição ou comunicar os familiares em casa, além disso, o professor pode preparar ambientes aconchegantes no momento de leitura e contação de histórias e situações de roda de conversa, fazendo com que o aluno faça o uso da linguagem oral em uma prática dialógica e envolvente.
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A comunicação oral no cotidiano da Educação Infantil, é outra forma importante de trabalhar a oralidade uma vez que oportuniza às crianças avanços em suas formas de se expressarem a linguagem.
A comunicação oral no cotidiano da Educação Infantil, é outra forma importante de trabalhar a oralidade uma vez que oportuniza às crianças avanços em suas formas de se expressarem a linguagem.
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Segundo Augusto (2011), a língua oferece experiência para as crianças, pois brincar com as palavras é função exercida pelos falantes. “Brincar com palavras é motivo de diversão para as crianças, não é por acaso que as crianças, na educação infantil, entram em contato com esse verdadeiro acervo popular.” (AUGUSTO, 2011, p. 56). Repetir parlendas brincar com cantigas de rodas, trava-língua e adivinhas é um exemplo do uso que as crianças fazem desse imenso repertorio oral.
Segundo Augusto (2011), a língua oferece experiência para as crianças, pois brincar com as palavras é função exercida pelos falantes. “Brincar com palavras é motivo de diversão para as crianças, não é por acaso que as crianças, na educação infantil, entram em contato com esse verdadeiro acervo popular.” (AUGUSTO, 2011, p. 56). Repetir parlendas brincar com cantigas de rodas, trava-língua e adivinhas é um exemplo do uso que as crianças fazem desse imenso repertorio oral.
Trabalhar textos orais é extremamente importante, pois a criança terá uma bagagem desse conhecimento que ela levará por toda a educação infantil. O professor ao trabalhar com essa temática não terá dificuldades, pois a tradição oral brasileira tem um vasto repertório de textos orais e brincadeiras cantadas.
A produção de narrativas é outra possibilidade para o desenvolvimento da oralidade. Para isso pode-se utilizar da roda de histórias para a expressão das narrativas infantis, o ato de contar histórias sempre existiu, veio de várias gerações passadas, serviam para educar as crianças explicar os mistérios da natureza.
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O reconto de histórias as crianças podem ouvir e recontar histórias, produzindo-as enriquecendo sua linguagem, estimulando sua imaginação. A estratégia de reconto de histórias além de estimular o gosto pela oralidade também poderá ser de grande valia para a avaliação do desenvolvimento linguístico da criança.
Perroni (apud Augusto, 2011, p. 21), aponta três fases do desenvolvimento narrativo na criança:
Na primeira fase, a presença do adulto é fundamental no momento de contar histórias e no jogo de contar, na primeira situação a criança assume um papel de ouvinte, e na segunda ela se apoia no discurso do adulto e através de perguntas feitas pelo adulto vai dando significado a fala e compondo uma pronarrativa. Na segunda fase, a criança se separa da fala do adulto e através de memorização e conhecimento ela relata experiências pessoais.Na terceira fase, acriança passa a narrar autonomamente reconhecendo-se como próprio locutor. Partindo dessa perspectiva podemos entender que o papel do professor é fundamental para assegurar a construção da narrativa, podendo organizar situações que promova as primeiras pró narrativas.
Com o apoio de livros, fantoches ou caixa de histórias, o professor pode iniciar uma história e compartilhá-la com a criança, propondo perguntas que lhes sirvam de roteiro para contar um trecho a mais, completando assim à narrativa do professor.
Além da roda de histórias o momento do faz de contas são importantes contextos para a construção das narrativas, sendo mais um dos motivos pelos quais os professores precisam alimentar as brincadeiras das crianças propondo diversas possibilidades.
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A roda de conversa também faz parte da produção de narrativas das crianças e deve acontecer em diversos momentos. Conversar deveria ser uma atividade diária na sala de aula, muitas vezes os professores propõem rodas, mas desprovidas de situações reais de comunicação, ficando sempre centrada na fala do adulto e a criança apenas como ouvinte na situação.
Na roda de conversa além do assunto que se está tratando a própria conversa é conteúdo de aprendizagem, portanto deve-se conversar com as crianças para que elas conversem. É preciso que a professora alimente as trocas de conversas entre as crianças, com vista à interdiscursividade. É importante que o professor provoque confronto de ideias.
Conversar, narrar, brincar e comunicar-se podem se constituir como eixos fundamentais da organização do trabalho com a linguagem oral na escola, pois, em todos os casos, não faltam oportunidades para aprender. E tudo vale a pena para tornar o cotidiano das crianças mais falantes (AUGUSTO, 2011, p. 63).
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Segundo Brasil (1998, p.135).
a leitura realizada em voz alta, em situações que permitem a atenção e a escuta das crianças, seja na sala de aula, no parque debaixo de uma arvore, antes de dormir, numa atividade específica para tal fim etc., fornece ás crianças um repertório rico em oralidade.
Augusto (2011), defendem que quando as crianças relacionam-se com os livros desde cedo, ouvindo histórias ou lendo aprende a pronunciar as palavras da maneira correta, e comunicar-se melhor. Por meio da leitura a criança desenvolve a criatividade, a imaginação e adquire cultura, conhecimentos e valores, além de favorecer familiaridade com o mundo da escrita.
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A música também é de grande importância nesse processo, pois além do professor estar estimulando a sensibilidades, a entonação, o ritmo ele também trabalha o texto oral, a pronuncia de palavras, o vocabulário. A estratégia de utilizar-se a música nesse processo de desenvolvimento da linguagem favorece o trabalho desenvolvido pelo professor.
A criança tem que ter contato com a música explorando-a, e através da mesma aproximando-se do universo da oralidade de maneira lúdica e divertida.O professor deve observar a letra, o ritmo a melodia para que seja de fácil entendimento das crianças com a música, podem ser trabalhados também o vocabulário, a pronúncia correta das palavras, os textos orais, entre diversas outras possibilidades Chaer e Guimarães (2012), afirmam que o professor deve observar o desenvolvimento oral das crianças, avaliando-as a fim de detectar progressos e avanços.
É importante que o professor identifique também as dificuldades planejando atividades que possa ajudar esses alunos a expressarem-se cada vez melhor, corrigindo a forma de como pronunciam as palavras. Cabe ao professor substituir esses maus hábitos por formas convencionais a serem faladas.
É necessário discutir sobre a importância de desenvolver um trabalho pedagógico que valorize o ato comunicativo das crianças possibilitando o pleno desenvolvimento da linguagem. Portanto é essencial perceber que o processo da linguagem oral é dinâmico e necessita de situações e possibilidades altamente significativas, por isso devem ser trabalhadas diariamente.
Considerações Finais
[...] Sabe-se que a linguagem oral é um instrumento fundamental na vida das pessoas, possibilitando participação no meio social. Não sendo a fala um processo inato, são necessárias fontes de colaboração para o desenvolvimento dessa habilidade.
[...] A Linguagem oral deve ser trabalhada desde o início da vida das crianças, na escola esse trabalho é fundamental, os professores devem dispor de possibilidades para o desenvolvimento desse processo, propondo situações significativas diariamente.
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Referências
AUGUSTO, Silvana de Oliveira. A linguagem oral e as crianças:possibilidades de trabalho na educação infantil. Educação Infantil: diferentes formas de linguagem expressivas e comunicativas. Caderno de formação: didática dos conteúdos formação de professores. Universidade Estadual Paulista. Pró-Reitoria de Graduação. UNIVESP, São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011, v. 1, p. 52-64.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil.Brasília: MEC/SEF, 1998, v. 3.
CHAER, Mirella Ribeiro; GUIMARÃES, Edite da Glória Amorim. A importância da oralidade: educação infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.Pergaminho, (3): p. 71- 88, nov. 2012.
COSTA; GUIMARÃES; ROSSETTI-FERREIRA. Conversar para aprender a conversar. In: ROSSETTI-FERREIRA, M. C. et al. (Org). Os fazeres na Educação Infantil. São Paulo: Cortez, 2003. P. 81-83.
CRAIDY, Carmen Maria; KAERCHER, Gládis E. Educação infantil:Pra que te quero? Porto Alegre. Artmed. 2001. Cap.12, p.135-151.
FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti; MELO, Ana Maria. (Orgs.). Os fazeres da Educação Infantil. São Paulo: Cortez, 2003.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2002.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes; MELLO, Ana Maria; VITÓRIA, Telma; FERREIRA, Maria Clotilde Rossetti. Creches: Crianças, Faz de Conta & cia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky:Aprendizado e desenvolvimento Um processo sócio- histórico.4° ed. São Paulo: editora Scipione, 2003.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da educação.15°ed. Petrópolis: editora Vozes, 2003.
RONCATO, Caroline Cominetti; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. Possibilidades de desenvolvimento de linguagem no espaço da Educação Infantil.Distúrbios da Comunicação, São Paulo, v.31, no 2, p. 215-223, ago. 2005. Disponível em: . Acessado em: 12 set. 2013.
VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP, 2 (1): 112-133, 2015.
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