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quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Descrição Subjetiva

                                                           
O SOM DA ALMA       


Pequeno cilindro no interior capaz de
captar a vibração da fricção entre a corda e o arco,
transmitindo pelo cavalete até enfim, à alma. Esta reproduz aos “efes”
um som resultante de dedicação, insistência e habilidade, onde mesmo de olhos fechados é
possível identificar o som do violino. Mas seria qualquer som de violino, quando apenas fosse
uma decodificação da leitura musical, ausentando o executor da produção sonora, o intérprete,
pois não teria a alma do ser humano, contida apenas pela suposição do que o compositor
esplendidamente pensou anos ao escrever, para que reproduzisse uma réplica
imaginativa de sua interpretação, ainda assim não teria alma do
intérprete, apenas uma suposição desta. O som a que me refiro, é o
som que o violinista transmite através de seu interior, irradiando
nossos ouvidos o florescer e a vontade de pulsar vida em nossas veias, por
estar cheio de expressividade, não mecanizada, reprodutora de técnicas e abolidas de
édipos, compromissado apenas por colocar no instrumento seus verdadeiros e íntimos sentidos,
ou seja, o som do interior, aparentemente inaudível e irradiante. Um som que nos liberta para sonhar
novamente com novas luzes avisando que o fim do túnel não chegou, invade ao ouvinte fazendo refletir
dentro de nós, mesmo que por uns minutos, esperança de que existe amor, existe paz, existe uma razão
ilogicamente pura capaz de perdoar, de nos fazer viver novamente e prosseguir, ou de chorar até que
expulse a tristeza, transmitindo a externalização do maior som de seu interior, o som da alma. Este som
aveludado feito não somente de dedicação e técnica, mas transbordante de amor, é capaz de reacender
o melhor e o máximo de nossos esforços ao transmitir à alma a eternidade de ser tão fiel e
verdadeiro, tão forte e suportável, o som do amar, sendo capaz de amar, rearmar, vivendo
descompromissado de  querer algo em troca, amando
perenemente, o som da alma.


Aline Mendonça